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“Paixão e Morte de Um Homem Livre” apresenta Jesus como narrador
24 de outubro de 2018
Dramaturgo do espetáculo, Marcelo Carminatti fala sobre a inspiração do novo roteiro
Como contar de forma diferente uma história que é recontada há mais de dois mil anos? Este é o desafio assumido pelo dramaturgo do espetáculo "Paixão e Morte de Um Homem Livre", Marcelo Carminatti para a edição de 2019. O trabalho iniciou há mais de um ano, através de pesquisas sobre enredos, cenas e modos de apresentação.
"O objetivo é sempre escrever um texto emocionante, que traga Deus como essência desta mensagem. Inicialmente, pensei em um papel feminino como figura do narrador. Mulheres com fala são escassas dentro da peça. Em 2017 tivemos 58 personagens com falas, mas somente sete deles eram mulheres: Maria, Maria Madalena, Cláudia Prócula, Herodíades e algumas representantes do povo. A maioria dos personagens são homens: sacerdotes, apóstolos, soldados, o governador, o rei. Mas, em conserva com a diretora do espetáculo, Rejane Habitzreuter Schlindwein, discutimos algumas possibilidades e a música "Galileu", de Fernandinho, serviu de inspiração para esta decisão, que apresenta Jesus Cristo como narrador do teatro em 2019", conta o dramaturgo do espetáculo "Paixão e Morte de Um Homem Livre", Marcelo Carminatti.
Segundo ele, a leitura bíblica dos quatro evangelistas (Mateus, Marcos, Lucas e João) facilita uma produção diferente, já que cada um é inspirado por uma fase ou momento diferente da vida de Jesus. Mateus, por exemplo, escreve sobre a anunciação, o nascimento, da visita de Maria a Isabel. João, por sua vez, se atém aos fatos da Semana Santa. "Isso nos dá oportunidade de enxergar sob diversas óticas o mesmo assunto. Na edição de 2017, Maria foi a narradora e nós assistimos a vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus sob a ótica de uma mãe que ama, acolhe, ensina e vive cada momento ao lado do filho. Agora, o desafio é contar como Jesus se sentiu. Ele vai nos dizer o significado de cada chicotada e de como reconhecia o coração das pessoas. Vai falar da grandeza deste amor infinito que Deus sente por nós", pontua Marcelo.
Interação
Cada vez mais, o espetáculo "Paixão e Morte de Um Homem Livre" estuda possibilidades de envolver o público como parte da peça. "Vamos trazer Jesus narrador para bem próximo das pessoas. O objetivo é que o público sinta que Cristo não está lá no céu, lá na igreja, lá longe. Ele está aqui, ao teu lado. Ele vê a tua luta, as tuas dificuldades, ele não quer que você se sinta sozinho. A expectativa é que a mensagem sirva de amparo e permita a vivência de uma Páscoa diferente", avalia Carminatti.
Outra novidade é a presença do ator Luciano Szafir, que vai interpretar o papel de Pôncio Pilatos, mesmo personagem que já viveu em espetáculos em Nova Jerusalém e também no Piauí. "Em Guabiruba ele vai conhecer um trabalho que é feito com espero e que traz, muito bem detalhada, cada cena, cada objeto, cada cenário. Acredito que a presença dele vai somar, pois, assim como Francisco Cuoco, ele tem experiência de palco, de novela e de cinema. É também uma pessoa que tem uma carreira positiva, sólida e digna", observa Carminatti.
Em 2019, apesar de ser o dramaturgo da peça, Carminatti se prepara para voltar aos palcos, algo que não faz desde 2005. Vai interpretar Herodes Antipas, filho de Herodes, rei da Galiléia e da Pércia. "Gosto muito de pesquisar e refletir sobre as diversas formas que este personagem já foi representado. Alguns o colocam mais como louco. Outros, como carrasco. Mas de cada um tiro alguma ideia. Atualmente, Herodes Antipas também é personagem da novela na Record, que retrata bem esse jeito diferente que tinha", destaca.
O figurino de Herodes Antipas está sendo criado pelo designer de moda, André Dalsegio, também muito fundamentado nos registros históricos da época. "A expectativa de voltar ao palco é grande, apesar dos anos de experiência neste teatro como ator e diretor. Tenho um amigo que diz que quando a gente perde o frio na barriga em apresentar o que for, é porque perdeu a noção da importância e a vontade de fazer. Quem faz de qualquer jeito não se importa. Não é o meu caso. Tenho um sentimento muito forte de estudar e me cobro bastante para dar o melhor. Foi assim na gravação do áudio no estúdio e está sendo assim neste processo de preparação. Já posso, inclusive, sentir o frio na barriga por viver de novo este momento", enfatiza Carminatti.
Evangelização
Na sua 22ª edição e envolvendo mais de 400 atores voluntários, o propósito do "Paixão e Morte de Um Homem Livre" continua sendo o mesmo: evangelizar através da arte. Assim, norteia o projeto a conhecida frase de São João Batista: "Que Ele cresça e que eu desapareça".
"A fé é algo que move montanhas e, por isso, mantemos o espetáculo para a glória e honra de Deus. Sem ele, nada disso faz sentido. Foi o que frisamos na última edição e, tanto os atores quanto a equipe técnica, assimilaram bem esta missão. Isso nos permite desenvolver um trabalho leve, tranquilo, com problemas facilmente resolvidos. Há paz e harmonia, o que é imprescindível para um trabalho que é feito em nome de Deus", ressalta Carminatti.