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Escritor Deonisio da Silva palestra sobre o berço das palavras
5 de setembro de 2018
Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), o escritor e professor Deonisio da Silva esteve em Guabiruba na sexta-feira, 31, durante a VI Mostra de Arte e Cultura palestrando sobre “O Berço das palavras no português”. Autor de romances e narrativas curtas e de livros de etimologia, assim como de ensaios literários, Deonisio da Silva falou para estudantes da rede pública municipal de ensino guabirubense e participantes da Mostra realizada no Salão Cristo Rei, Centro da cidade, na sexta-feira, 31.
A vinda ao município do escritor de etimologia na revista Caras (desde 1993), Veja.com, Rádio BandNews FM 94,90 e que foi cronista do Estadão, Jornal do Brasil, da revista Época e da TV Estácio foi viabilizada pelo projeto “permane(SER) escritor, de autoria da escritora Méroli Habitzreuter, e contemplado com recursos do Fundo Municipal de Apoio à Cultura.
Confira abaixo o bate-papo com Deonisio da Silva após a palestra.
É a primeira vez que o senhor vem a Guabiruba?
Apesar de ser catarinense, saí do estado com apenas 16 anos, muito cedo. Então eu já vim para cidades do estado, mas aqui é a primeira vez. Conheci a Méroli Habitzreuter na Academia Catarinense quando ela foi escolhida poeta revelação e soube que tinha um projeto muito interessante e comprovei que é tudo verdade.
O que motivou o senhor a gostar da língua portuguesa?
Aprendi a ter o gosto pela língua portuguesa com a minha primeira professora que me alfabetizou. Dona Edite em Jacinto Machado (SC). Depois com o padre Fontanela, cuja casa paroquial eu morei e naturalmente nos dois seminários, em São Ludgero, em Tubarão. Aprendi mais sobre a Língua Portuguesa, Latim, Grego, Alemão, Italiano e Espanhol nos anos de seminário do que no doutorado na USP, porque nos doutorados você precisa cada vez mais saber mais sobre menos coisas.
Ao que o senhor atribui o interesse pelas suas palestras?
Ao modo como eu mostro os sabores do saber (...). Tem um modo de chegar ao coração do jovem, pois tem que chegar ao coração para ele levar para a cabeça aquilo que precisa.
Muito se fala que o português é difícil. O senhor concorda?
A minha experiência mostra que das línguas neolatinas como o francês, espanhol, português castelhano e italiano, a mais fácil para aprender a gramática, para mim, é o espanhol. Mas a língua portuguesa, é muito simples de aprender a gramática, desde que a gente estude. Por exemplo, o francês é uma verdadeira selva de acentos. É muito difícil o francês em relação ao português. O que acontece no português é que é difícil o que você não entende. Por exemplo, uma pessoa difícil é aquela que você não entende ou que ela não se fez entender ou então que ela tem um repertório que você ainda não tem e então ela será difícil para você. Isso acontece entre casais, amigos, entre as pessoas. A grande paixão é a do conhecimento. No caso da língua portuguesa, aqueles que a acham difícil é porque não a estudaram convenientemente, porque o uso da língua você aprende com o pai e a mãe (...) mas quando se trata de saber os recursos criadores e expressivos na parte escrita, tem que sentar e estudar. É a relação bunda, cadeira e hora.
Qual o recado você deixa para Guabiruba?
Como você aprendeu a falar ouvindo essa língua que você não nasceu sabendo, você vai aprender a escrever e a dominar a língua portuguesa se você ler, ler bastante. Não importa o que leia. Se for de qualidade melhor ainda, mas só o ato de ler vai te dar um grande domínio da língua portuguesa.