Ervin Fischer e seus 101 anos de vida

30 de julho de 2018

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Ervin Fischer queria viver até os 86 anos e oito meses, igual ao pai. Não imaginava que a vida o faria ir além. Faria com que chegasse lúcido aos 101 anos de idade no último 25 de julho com uma grande festa, rodeado de familiares e amigos no bairro São Pedro, em Guabiruba, onde mora. Ganhou bolo, presentes e a casa cheia de alegria. De gente, também. Pai de 14 filhos e com cinco irmãos ainda vivos (três homens com mais de 80 anos), os encontros da família chegam a cem pessoas fácil. Ainda mais quando se comemora a entrada para o segundo século de vida do patriarca.

 

A nora Dorli Fischer, casada com o filho mais novo Luiz Ervino Fischer, afirma que o sogro sempre fez questão de comemorar o aniversário. O casal mora ao lado e zela pelo bem-estar do aposentado, que conversa, canta, brinca com os netos e tem no seu cachimbo um companheiro desde os 18 anos. Cachimbo caseiro que já levou o mérito por seu Ervin chegar aos cem. Hoje, porém, ele atribui ao trabalho ter entrado no segundo século de vida. “Eu sempre trabalhei”, diz.

 

De família humilde e com nove irmãos, ele hoje ouve com dificuldades, mas sua visão é nítida, inclusive nas lembranças que carrega na memória. Faz questão de contar sobre a escola e o professor que não o ensinou a ler e escrever. Das dificuldades financeiras que o fizeram morar por cidades da região e retornar pra Guabiruba, na rua que leva o nome do seu pai: Alois Fischer.

 

Recorda com carinho do cultivo de abelhas. “Eu tirava o mel só com o meu cachimbo e um pano no pescoço para elas não me pegarem”. “Não tinha medo”, completa ao compartilhar suas vivências e ousadias. Como a de ter comprado uma terra com dinheiro emprestado na tentativa de melhorar a vida da família e ter conseguido. Orgulha-se também de ter trabalhado 25 anos na empresa Iresa e ganhar uma bonita festa.

 

Seu Ervin foi casado com Regina Groh por 62 anos. Há 13 ela o deixou viúvo e a chegada dos netos auxiliou a suprir a vazio da ausência da esposa. Alegre e dócil, até os cem anos ele caminhada ao redor da casa, mas no último ano tem sentido o cansaço do físico. Além do filho e nora, a bengala auxilia na locomoção, principalmente até a área, onde fuma, conversa e rememora suas histórias. Pela manhã, toma seu café ouvindo rádio. Passada a nota de falecimento, tira o aparelho da tomada. E é para os falecidos que reza todas as noites antes de dormir.

 

O homem com mais idade de Guabiruba diz que gosta de viver e que pretende chegar aos 200 anos. E se não der, não tem problema. Afirma com convicção que não tem medo da morte, mas que gosta da vida. Talvez resida justamente na alegria de viver a energia da sua longevidade.

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