Bate-Papo com o educador Celso Antunes

20 de fevereiro de 2014

Administração e Finanças Agricultura Anexo XII - Demonstrativo das Despesas com Saúde APAE - Escola de Educação Especial Professor Arthur Wippel Assessoria Cultural Biblioteca Pública Municipal Prefeito Henrique Dirschnabel Cadastro Único para Programas Sociais Controladoria Geral do Município Coordenadoria de Programa de Saúde Coordenadoria de Programação Pactuada Integrada Coordenadoria Municipal de Convênios Coordenadoria Municipal de Trânsito e Transporte Diretoria de Iluminação Púbica Diretoria de Manutenção Diretoria de Meio Ambiente Diretoria de Obras Diretoria de Projetos Diretoria de Urbanismo e Infraestrutura Fundação Cultural Gabinete Meio Ambiente Notícias Planejamento Urbano e Infraestrutura Procuradoria-Geral

Um dos principais nomes do V Simpósio de Educação, realizado nos dias 10 e 11 no Salão Cristo Rei, em Guabiruba, foi o educador Celso Antunes, mestre em Ciências Humanas, especialista em Inteligência e Cognição e autor de diversas obras educacionais no Brasil, América do Sul e norte da Europa.

 

Durante o Simpósio, promovido pela Prefeitura de Guabiruba, por meio da Secretaria de Educação, juntamente com a Comunidade Bethânia, o educador ministrou duas palestras: “O que é educar e com quantos princípios se faz um educador eficiente” e “Indisciplina e Violência Escolar: Como Enfrentá-las?”.

 

Você confere a seguir o bate-papo com o escritor no camarim do evento momentos antes dele ministrar a segunda palestra.

 

AI: Qual a principal mensagem que o senhor traz para o Simpósio?

 

Celso Antunes: O objetivo principal é trazer uma mensagem que renovar-se, atualizar-se, não é difícil, não é caro. Mas é imprescindível, essencial. Tal como é importante para qualquer profissional de qualquer área estar atualizado, capacitar-se para os desafios das mudanças, para o educador também é. Então, independente da abordagem deste ou daquele conteúdo, deste ou daquele palestrante, a mensagem é de que estamos preocupados com a capacitação dos professores. Não podemos impedir que os diplomas tenham validade perene. Não podemos ter diplomas com validade restrita, como a carteira de motorista, o que seria ideal. A mensagem é de que estamos empenhados em fazer com que os professores ministrem aulas melhores.

 

AI: Podemos dizer que vivemos uma crise na educação? Greve de professores por salários mais justos, violência nas escolas. Seria essa uma crise crônica?

 

Celso Antunes: Qualquer movimento, por mais justo que seja, vai atingir mais profundamente quem nada a tem a ver com aquele movimento, que é o aluno, a mãe o pai. Sei que é uma utopia, mas no Japão quando uma comunidade profissional quer fazer uma greve, veste uma camisa do avesso, usa boné e coloca a aba para trás. A sociedade inteira sabe que estão em greve. Defendem a causa, mas continuam a trabalhar. Eu defendo muito o direito de greve, mas sou muito contra a paralisação, porque ela não atinge o político, atinge aquele que não deveria atingir: o aluno.

 

AI: Um dos palestrantes do Simpósio, Gabriel Perissé, afirmou que o desafio é tornar a educação massificada em uma educação para cada um. E que o aluno nota 2 tem um professor nota 2. Qual a sua opinião sobre essas declarações?

 

Celso Antunes: A Unesco é um organismo das Nações Unidas voltada para a concepção do mundo da educação e a Unesco, considerando que a educação está cada vez mais globalizada, cada vez mais as pessoas estão trabalhando onde não nasceram, prescreveu que a educação do século XXI deve estar apoiada em quatro pilares: ensinar a aprender, ensinar a se relacionar, ensinar a fazer e ensinar a ser (a desenvolver valores). Ser é muito mais do que ter. Então se pergunta como está a educação brasileira em relação a esses pilares mundiais? Muito distantes. Ainda prevalece a ideia de que o professor ensina coisas, quando a finalidade é ensinar a aprender. Há uma distância muito grande entre a concretização dos quatro pilares e o que realmente se faz. E tudo passa pela capacitação dos professores, por isso sou um defensor de eventos como este.

 

AI: Qual a importância da família na escola?

 

Celso Antunes: A escola não é vista no Brasil como é vista em países mais avançados do ocidente e do oriente. Temos dados estatísticos, concretos, que não existe fenômeno mais importante para diminuir a evasão escolar, do que a presença da família na escola. Não existe ferramenta mais eficiente para aumentar o Índice de Desenvolvimento da Educação, o Ideb, do que a família na escola. Eu acho que é papel de todo professor, do diretor, mostrar à família que a sua vinda à escola não é desejável, é essencial. É importante que a escola torne essa vinda atraente. Trazer à família à escola pra dar uma folha que ela poderia receber em casa, não a motiva a se deslocar. Um dos remédios mais baratos, mais eficientes e mais imediatos para a educação é atrair da família à escola.

 

AI: Como o senhor avalia a educação a distância?

 

Celso Antunes: Todo processo educativo só pode ser avaliado a partir de mecanismos de avaliação. O que nós temos notado em estatísticas nacionais, em termos gerais, é que há uma ótima educação a distância, que não tem muito a perder de uma educação presencial. Não estou externando um ponto de vista, mas citando uma estatística. Claro que não se pode pensar em uma educação a distancia sem uma tutoria, sem ajuda local para desenvolver aquele aluno. A educação a distancia traz a informação atualizada, contemporânea, mas aquela informação ajustada ao cotidiano da escola requer uma tutoria.

 

 

AI: Qual mensagem o senhor deixa aos professores?

Celso Antunes: Eu não sei como será o amanhã, mas ele será como o professor o fizer, porque realmente é ele que planta, que constrói esse amanhã.

leia também